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Uma semana de alertas, desilusões e alguma esperança

Domingo, 17.11.13

A primeira semana da conferência ficou indubitavelmente marcada pelo tufão Haiyan, com o chefe da delegação filipina, Naderev Sano, (e muitos outros políticos e também cientistas), a fazerem uma ligação, mesmo que cuidadosa, com o facto de este ser um evento meteorológico que será mais frequente e violento num quadro de alterações climáticas. Com o oceano mais quente, este fenómeno atinge magnitudes impressionantes que em países populosos e vulneráveis podem ter consequências dramáticas. Por solidariedade com as vítimas, muitos ativistas participantes na reunião estão em jejum como forma de chamar à atenção dos políticos para a necessidade de tomar decisões face aos cenários traçados pelos cientistas do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas.

Os últimos dias foram de alguma desilusão – o Japão, com a justificação de não poder recorrer à energia nuclear, ao invés de um limite inicialmente traçado de redução em 25% entre 1990 e 2020, prevê aumentar em 3% as suas emissões no mesmo período. A Austrália, que não enviará nenhum ministro a reunião, tomou um conjunto de decisões à escala nacional que desmantelam grande parte da política climática em curso.

Ao longo das duas semanas há o risco da solidariedade passar a frustração e depois a zanga. E que decisões são afinal necessárias? De Varsóvia espera-se um roteiro para os próximos dois anos, até à conferência de Paris, em que os países até lá concordem com princípios, metas de redução de emissões e financiamento para o período após 2020. Ao mesmo tempo é preciso inverter o aumento de emissões e garantir apoio à adaptação de muitos países mais vulneráveis às alterações climáticas atuais e futuras, para além do fomento à introdução de tecnologias limpas. Para tal são precisos líderes, empreendedores envolvidos na economia real e diplomatas climáticos, e acima de tudo mobilizar as pessoas que percebem o risco ou já sentem as consequências das alterações climáticas. São as políticas que estão erradas e não este processo de decisão que muitos questionam.

A esperança curiosamente vem dos Estados Unidos da América, onde após o furacão Sandy, a vontade sistemática expressa pelo Presidente Obama em vários discursos e os sinais diplomáticos dados no interesse em contribuírem realmente para um acordo em 2015. As reticências ficam-se muito por não concordarem com propostas sobre perdas e danos relacionados com o clima, onde os países em desenvolvimento defendem que devem ser aqueles que têm uma responsabilidade histórica a assumir os custos.

Amanhã, segunda-feira, sai o primeiro texto sobre esse possível “Roteiro de Varsóvia” a ser apresentado e discutido no chamado Ad Hoc Working Group on the Durban Platform for Enhanced Action, com os ministros presentes a partir de quarta-feira.

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por Quercus às 20:43

Jovens juntam-se a Yeb Saño em greve de fome contra o insucesso da COP19

Terça-feira, 12.11.13


Foto: TckTckTck

Ao chefe da delegação das Filipinas que ontem anunciou uma greve de fome na COP19, que está a decorrer em Varsóvia, na Polónia, juntaram-se hoje, à hora de almoço, mais três dezenas de jovens activistas, num jejum que pede desenvolvimentos significativos nesta conferência do clima.

De lágrimas nos olhos, Yeb Saño iniciou um jejum até que sejam acordadas medidas eficazes contra as alterações climáticas, cujas consequências diz estarem à vista nos fenómenos atmosféricos extremos cada vez mais frequentes, “que não devem ser chamados de naturais”, como o supertufão Haiyan, conhecido nas Filipinas como Yolanda, cuja estimativa de vítimas ultrapassa já as dez mil.

Há um ano, na COP18, que decorreu no Qatar, o negociador-chefe das Filipinas contou igualmente emocionado como o tufão Bhopa causou centenas de mortos e destruiu várias cidades filipinas e pediu aos restantes delegados que mantivessem o Protocolo de Quioto. Este ano, a tragédia repetiu-se ainda com mais força, com o Haiyan a arrasar parte do país, incluindo a cidade de Tacloban, onde vive a família de Yebg Saño. “Vamos acabar com esta loucura aqui e agora”, apela o delegado filipino. 

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por Quercus às 16:42

“Fóssil do Dia” vai para a Austrália e “Raio da Solidariedade” para as Filipinas

Terça-feira, 12.11.13

A Austrália recebeu ontem o primeiro “Fóssil do Dia” da COP19, uma iniciativa diária promovida pelas organizações não governamentais de ambiente e desenvolvimento da Rede de Ação Climática (CAN, na sigla em inglês), que junta mais de 850 organizações, para distinguir os países com pior prestação na conferência.

Quando muito pensavam que a posição da Austrália não podia piorar, soube-se anteontem que o país não tenciona apresentar novos compromissos financeiros em Varsóvia, nem mesmo depois da tragédia ocorrida nas Filipinas, país vizinho que precisa de apoio financeiro internacional para se precaver para o futuro. Esta postura de falta de compreensão dos objectivos do financiamento climático valeu ao Governo de Camberra o primeiro “Fóssil do Dia”.

Por outro lado, as ONG decidiram atribuir um galardão especial às Filipinas, com o “Raio da Solidariedade”, um galardão baseado no “Raio do Dia”, o prémio que distingue os progressos nas negociações. Neste caso é um gesto solidário para com as Filipinas e as outras nações que foram atingidas pela devastação deixada pelo supertufão Haiyan, e uma forma de reforçar a exigência de um novo acordo vinculativo em 2015, que permita reduzir a ameaça das alterações climáticas.

“Ouvimos o principal negociador da Filipinas, Yeb Sano, na abertura da COP, a pedir medidas urgentes para evitar a repetição da tempestade devastadora que atingiu o seu país durante o fim de semana. Sano agradeceu à sociedade civil, especialmente aos que arriscam as suas vidas a subir a plataformas de petróleo no Ártico, tentam impedir a construção de novos oleodutos, ou tomam ação direta contra a indústria de combustíveis fósseis sujos. Por isso dizemos a Sano e ao resto dos países do mundo, que a sociedade civil nunca sentiu tanto a urgência de acção, e garantimos que nunca vamos perder a nossa paixão, motivação e determinação para alcançar mudanças neste e noutros eventos”, afirmam os ativistas da CAN.

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por Quercus às 09:00

Negociador-chefe das Filipinas inicia jejum na #COP19

Segunda-feira, 11.11.13

O plenário da #COP19 acaba de cumprir três minutos de silêncio em homenagem às vítimas do supertufão Haiyan, já considerado o pior desastre natural da história das Filipinas, com mais de dez mil vítimas. A iniciativa partiu de uma proposta da delegação chinesa, após o discurso emocionado do negociador-chefe das Filipinas, Yeb Saño, que foi ovacionado pela plateia após anunciar um jejum voluntário até que haja desenvolvimentos significativos para lidar com “a loucura das alterações climáticas”. [texto da intervenção e vídeo]

Vídeo da intervenção:

IISD VIDEO: Philippines delegate Naderev Saño COP19 Warsaw from IISD Reporting Services on Vimeo.

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por Quercus às 11:50